Por Paloma Salles
Para poder viver acompanha a história de Yeonmi Park, sua infância na Coréia do Norte, a fuga pelo submundo chinês de traficantes e contrabandistas de pessoas e a aguardada chegada na Coréia do Sul. Através do seu relato, conhecemos um pouco o funcionamento da vida na Coréia do Norte, um país ainda extremamente fechado e opressor.
Uma ideia interessante que a autora nos apresenta sobre seu país natal é que seu povo tem duas histórias em sua cabeça o tempo todo. Uma refere-se àquilo que ensinam você a acreditar e a outra trata-se do que você vê com os próprios olhos. Isso resume bem o conceito do duplipensar do livro 1984 de George Orwell. É extremamente desconcertante saber que esse livro de ficção, escrito em 1949, retrata um conceito ainda existente no mundo atual.
Outro ponto curioso no livro foi o choque das culturas que ela enfrentou. Uma simples pergunta, do ponto de vista da cultura ocidental, como “Qual é a sua cor favorita?”, lhe causava extrema ansiedade. Segundo Park, ninguém se importava com o que ela pensava e, no seu país, o esperado era dar a resposta que eles haviam ensinado.
Park soube contar sua história de uma maneira bem expressiva e tocante. Você acaba por sentir o sofrimento dela e dos outros em diversas situações retratadas sem ser piegas.
Vale a pena ler e conhecer um pouco mais sobre a realidade do país e da luta pela sobrevivência desse povo.
“Todos temos nossos próprios desertos. Podem não ser iguais ao meu deserto, mas sempre teremos de atravessá-los para encontrar um propósito na vida e para sermos livres.”
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